[Valid Atom 1.0] Rabiscos de Debora: Uma Aventura no Mar

1 de fevereiro de 2012

Uma Aventura no Mar

Era com certeza mais um dia de aventura. Só podia. Quando os tios a convidavam para mais um dia inesquecível, algo de diferente estava para acontecer.
Inês subiu entusiasmada para o barco de recreio a motor que o tio alugara. Branquinho, parecia um iate em ponto pequeno, com uma cabina minúscula, mas suficientemente confortável para se sentarem a apreciar aágua azul esverdeada que tanto gostava. Assim aconteceu. Com o tio Leandro ao volante e a tia Sônia mais atrás sentada junto de si, lá foram galgando a ligeira ondulação, deixando para trás o estreito ancoradouro daquela baía maravilhosa, ainda mais bonita vista do mar. Por muito que insistisse com a tia Sônia para esta lhe dizer onde iam, apenas conseguia obter um sorriso de contentamento. Um sorriso causado pela alegria de saber a felicidade que iriam proporcionar à sobrinha que tanto adoravam. Passados uns bons vinte minutos, Leandro desligou o motor e deixou o barco parar. O mar continuava calmo e Inês apenas conseguia ver água a toda a volta. Para trás, apenas uma estreita linha no horizonte fazia lembrar que ali havia terra. Intrigada, perguntou:
“Afinal o que se passa?”
Ao que o tio respondeu com certo ar enigmático:
“Agora temos que esperar um bocadinho pelo nevoeiro…
”Nevoeiro? Pareceu-lhe ter percebido nevoeiro. Que tolice! Com céu limpo e um sol quente…
“Desculpa tio, não percebi…”, explicou.
“Eu disse nevoeiro. Está quase na hora. Mas fica descansada que não há problema.”
E a Inês ficou baralhada. Continuava sem perceber nada. Olhou para a tia em busca de algum esclarecimento, mas só obteve uma piscadela de olho. Encolheu os ombros e deixou-se ficar. Daí a pouco, não muito longe do local onde se encontravam e um pouco sobre o lado direito, começou a levantar-se uma ligeira névoa. Primeiro bem juntinho à água, depois um pouco mais para cima, até que finalmente ficou um nevoeiro cerrado da altura de uma casa de primeiro andar, e que mais parecia uma grande nuvem a flutuar sobre o mar.
“Está na hora”, avisou o tio Leandro pondo o motor a trabalhar. Inês olhou para o relógio que marcava exatamente 11 horas. Inês Filipa, não podes estar a acreditar no que vês, pensou para si, querendo contrariar o que acabava de observar.

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O barco arrancou lentamente para fazer os vinte metros que os separavam do nevoeiro. Inês segurou com mais força a mão da tia Sônia à medida que se aproximavam. Finalmente começou a sentir aquelas gotículas de humildade esfriando a sua pele até que tudo ficou branco à sua volta. Com o barco em movimento, passaram mais alguns segundos até que o nevoeiro começou novamente a desvanecer-se. Mas em vez decontinuar a ver o mar, Inês começou a vislumbrar um mundo completamente diferente.
A névoa ficou para trás e de repente encontrava-se no meio de um lago enorme, com uma água límpida onde até se podiam ver alguns peixinhos de cores vivas, aqui e ali. No local onde navegavam, o lago ainda
fazia parte de uma gruta também imensa com um teto tão alto que nem dava para acreditar. Mais à frente, a gruta acabava numa abertura da largura de um campo de futebol, e o lago continuava para fora, refletindo a luz ofuscante do sol. Leandro parou o barco numa das margens à saída da gruta. Os tios olharam sorridentes a cara de espanto da sobrinha que ainda não soltara um único som, perante tão maravilhosa magia.
“Onde estamos?” perguntou finalmente Inês.
“Num mundo fantástico onde só alguns estão autorizados a vir.
Podem também trazer mais alguém. Mas isso obedece a uma regra”, explicou a tia Sônia fazendo uma pausa. E continuou, “Só podem trazer alguém de quem gostem realmente muito, do fundo do coração.”Inês deixou escapar uma risadinha de satisfação, enquanto abraçava em simultâneo os tios que também adorava. Depois saíram do barco para a margem em pedra e caminharam para fora da gruta contornando o lago. Em pouco tempo já caminhavam na areia branca, acompanhada mais ao lado por uma bela floresta exótica, donde sobressaíam algumas palmeiras mais altas. Os três continuaram a andar e a apreciar a beleza do lugar, enquanto alguns coqueiros pareciam curvar-se à sua passagem. Mais à frente, em toda a largura do lago, rochas altas não deixavam ver o que estava para além delas. Ao chegarem mais perto Sônia explicou:
“Sabes, esta água do lago é salgada.” Inês fez uma cara de espanto, mas a tia continuou, “Observa bem ali para o meio destas rochas. Notas uma passagem estreita? Muito bem. É ali que está a ligação com o mar!
Mas não é tudo. A verdadeira surpresa surge quando atravessamos essa passagem.”E dito isto despiu a roupa ficando em biquíni, encorajando Inês a fazer o mesmo.
“E o tio? Não vem connosco para a água?” perguntou intrigada ao verificar que Leandro se mantinha vestido.
“Pois é… Eu não posso. Já vais perceber porquê. Mas vou subir às rochas e ver-vos do outro lado, está bem?”
Tia e sobrinha mergulharam então na água límpida e morna. Sempre adoraram a água do mar, e poderem fazê-lo num local paradisíaco como aquele, era mesmo qualquer coisa do outro mundo. Após breves instantes nadavam em direção à passagem. Era realmente estreita. Ou pelo menos dava essa sensação, talvez pelas rochas serem muito altas.Continuaram a avançar pelo canal, e à medida que o faziam, parecia a Inês que se tornava ainda mais fácil nadar. A sensação era deveras estranha.Inês cada vez deslizava mais depressa quase não sendo preciso fazer força nas braçadas. Procurou a tia e verificou que esta a acompanhava. Aproximava-se do final da passagem e agora já só ajudava com os braços o movimento ondulante do corpo.
Surgiram finalmente do lado de lá das rochas, numa pequena enseada que dava então para o mar. Pequenas ondas encaminhavam-se para os lados, desfazendo-se na areia. Aproveitaram a correnteza e deixaram-se levar até à margem, onde se mantiveram deitadas olhando o céu, ofegantes. Após descansar uns momentos, Inês elevou-se ligeiramente, apoiando-se nos cotovelos. Primeiro riu-se, depois fechou os olhos com força tentando secar a água que lhe turvava a vista. Abriu-os novamente. O olhar ficou fixo. Sem pestanejar. A olhar para as suas pernas e sem acreditar. A partir da sua cintura, uma festa de cores em tons de azul, verde e amarelo, brilhava com o reflexo do sol, como um vestido justo, só terminando numa elegante… elegante… barbatana?!
Aos poucos foi também ganhando um brilhozinho manteve-se. Enquanto caminhavam de regresso ao barco, Inês reviveu cada momento mágico das últimas horas.
O tio deu a volta ao barco e prepararam-se para passar de novo o nevoeiro, desta vez na gruta. Quando se desvaneceu já estavam de novo em alto mar, sem nada à volta, e Leandro acelerou em direção a terra.
Cansada, mas não cabendo em si de contente, Inês Filipa encostou-se a Sónia. O sol continuava estranhamente alto, o que a levou a olhar para o relógio. Marcava 11 horas e 10 minutos!
Mais uma vez os seus tios tinham superado as suas expectativas. nos olhos. O sorriso despertou e maravilhada olhou a sua tia Sônia, também ela transformada.
“Sim, é verdade” confirmou a tia, “nesta terra de fantasia é isto que acontece – podes tornar-te uma linda sereia!”
Inês riu então com vontade dando conta da sua alegria, ainda mal acreditando na magia que acontecera. Olhou, virou-se, voltou a olhar e por fim entrou novamente na água, ondulando, mergulhando até ao fundo transparente e misturando-se com os peixes magníficos que a coloriam juntamente com os corais, belos como nunca imaginara. Voltou acima para respirar e chamou a tia. Acenaram a Leandro, sentado lá no cimo dos rochedos, e divertiram-se horas a fio, felizes por poderem fazer parte do mar que tanto gostavam.
Quando finalmente voltaram para o lago fazendo o caminho inverso através da estreita passagem, a magia desfez-se mas a felicidade manteve-se. Enquanto caminhavam de regresso ao barco, Inês revive cada momento mágico das últimas horas.
O tio deu a volta ao barco e prepararam-se para passar de novo o nevoeiro, desta vez na gruta. Quando se desvaneceu já estavam de novo em alto mar, sem nada à volta, e Leandro acelerou em direção a terra.
Cansada, mas não cabendo em si de contente, Inês Filipa encostou-se a Sônia. O sol continuava estranhamente alto, o que a levou a olhar para o relógio. Marcava 11 horas e 10 minutos!
Mais uma vez os seus tios tinham superado as suas expectativas.

(Autor desconhecido)

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