[Valid Atom 1.0] Rabiscos de Debora: janeiro 2012

31 de janeiro de 2012

A Raposa e o Lenhador.

   
A raposa fugia pela floresta em desabalada carreira, tendo em seu encalço alguns caçadores com uma numerosa matilha de cães. Chegando a uma clareira, ela pediu abrigo ao lenhador que lá se encontrava, e este, concordando com o pedido de socorro, aconselhou a fugitiva a entrar e se esconder em sua cabana. Quando os caçadores chegaram com os cachorros e lhe perguntaram se por acaso havia visto a raposa, o homem respondeu que não, mas disfarçadamente a sua mão direita mostrava onde ela havia se abrigado.

Porém, os caçadores não entenderam os seus sinais e foram embora, e a raposa, ao verificar que eles já se encontravam a uma distância segura, saiu da casa e se dirigiu apressada para o lado oposto, sem dizer uma única palavra. Por isso o lenhador a repreendeu:

- Apesar de eu tê-la salvo dos cães, você vai embora sem agradecer o bem que eu lhe fiz?

E a raposa respondeu:

- Eu deveria fazer isso, realmente, caso sua boca e suas mãos tivessem dito a mesma coisa aos caçadores que me perseguiam.

Moral da Historia: Não negues com os teus atos aquilo que pregas com as tuas palavras.


( Fábula de La Fontaine )

                                                   

Lembranças da infância


Há dois momentos mágicos na vida em que podemos ser profundamente tocados e que nos fazem acordar para as coisas que verdadeiramente importam.

Um desses grandes momentos acontece quando temos a oportunidade de ajudar alguém. Somos muitas vezes surpreendidos com o bem estar, quase que inexplicável, que vem ao nosso encontro quando resolvemos socorrer outra pessoa. Tudo fica mais bonito e nos sentimos leves, de bem com nós mesmos e com a nossa posição no mundo.

O outro grande momento, nós o vivemos quando temos a oportunidade de estar do outro lado dessa experiência. Quando alguém estende seus braços, de onde menos esperamos, para nos ajudar. É um momento difícil porque estamos vulneráveis, mas, descobrir que não estamos só é um agradável sentimento que nos conforta a dor. É como um milagre que vem, especialmente, bater à nossa porta.

Nessas ocasiões, é comum dizer ou escutar, que não há palavras para agradecer, mas nem é preciso, pois quem dá e recebe ajuda vive uma emoção que tem valor em si mesma.

A solidariedade aproxima os homens e dá sentido à vida.

( by Patricia kenney) 
 
 

29 de janeiro de 2012

Fábula: A Raposa e a Cegonha


A Raposa convidou a Cegonha para jantar e lhe serviu sopa em um prato raso.

-Você não está gostando de minha sopa? - Perguntou, enquanto a cegonha bicava o líquido sem sucesso.

- Como posso gostar? - A Cegonha respondeu. vendo a Raposa lamber a sopa que lhe pareceu deliciosa.

Dias depois foi a vez da cegonha convidar a Raposa para comer na beira da Lagoa, serviu então a sopa num jarro largo embaixo e estreito em cima.

- Hummmm, deliciosa! - Exclamou a Cegonha, enfiando o comprido bico pelo gargalo - Você não acha?

A Raposa não achava nada nem podia achar, pois seu focinho não passava pelo gargalo estreito do jarro. Tentou mais uma ou duas vezes e se despediu de mau humor, achando que por algum motivo aquilo não era nada engraçado.

MORAL: às vezes recebemos na mesma moeda por tudo aquilo que fazemos. 

Autor: Jean de La Fontaine



23 de janeiro de 2012

Minha Família!

                                                                   
                                                                      Minha família...
                                                                      É muito unida,
                                                                      É muito alegre,
                                                                      É muito bonita,
                                                                      É muito arrumada!

                                                                      Tem irmãos,
                                                                      Tem primos, primas,
                                                                      Tem tios e tias
                                                                      Tem pais e mães!

                                                                     Débora C. Nogueira



22 de janeiro de 2012

Cecília Meireles: " A arte de ser feliz"


Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz. 

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega; era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas d’água que caiam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não a podia ouvir, da altura da janela e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
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Cecília Meireles, Quadrante I, Ed. do Autor, 5a ed. Rio de Janeiro, 1968, p. 10


17 de janeiro de 2012

Solidariedade.Poema de Cora Coralina.

                                                              Se temos de esperar,
                       que seja para colher a semente boa
                       que lançamos hoje no solo da vida.
                       Se for para semear,
                       então que seja para produzir
                       milhões de sorrisos,    
                       de Solidariedade e amizade.    
  
                              

14 de janeiro de 2012

Viver é...




“Viver é muito mais do que existir!
Viver é sentir cada momento,
Saborear cada acontecimento.
Viver é sentir Deus presente em nossas vidas,
Caminhar pela praia,
Sentir as ondas do mar,
Brincar com uma criança.
Viver é cantar, mesmo desafinado,
É ser feliz com o que possui,
Acreditar no futuro,
E começar a construí-lo desde já.
Viver é aprender a mudar,
É ser a formiga e a cigarra...
Ao mesmo tempo!“
Viva e seja feliz!

(Autor Desconhecido)


5 de janeiro de 2012

A Bailarina.Poema de Cecília Meireles.


                      

                                         
Esta menina
Tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.