[Valid Atom 1.0] Rabiscos de Debora

26 de março de 2015

Via Láctea- Olavo Bilac



"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" e eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


18 de dezembro de 2012

Cachinhos de Ouro


      Nossa história começa na Floresta Encantada. Numa linda casinha, no meio da floresta, mora uma família muito, muito feliz... É  a família Urso: o simpático Papai Urso, a doce Mamãe Ursa e o alegre Júnior, o ursinho. Todas as manhãs, a família senta-se á mesa para saborear o delicioso mingau preparado pela Mamãe Ursa. Neste dia, não foi diferente. A não ser pelo fato de Mamãe Ursa ter servido o mingau muito quente. Estava pelando!
      - Caramba, acho que errei no ponto! - Exclamou Mamãe.
      Dando um salto,Papai Urso gritou para o filho:
      - Rápido, Júnior vamos correr para o lago!
      E os dois saíram em desabalada carreira, com Mamãe Ursa atrás. Chegando no lago, pai e filho enfiaram suas cabeças dentro da água e lá ficaram por um bom tempo, bebendo toda água que conseguiam.
     - Espero que eles não estourem de tanto beber. - Pensou Mamãe Ursa, preocupada.
     Enquanto isso acontecia, uma menina perdida na floresta foi parar na casinha dos ursos. O nome dela era Cachinhos de Ouro. Cansada e faminta, resolveu pedir ajuda. Cachinhos bateu na porta. Como ninguém atendeu, ela resolveu entrar. Sobre a mesa, viu as tigelas de mingau.
     - Estou com tanta fome... Acho que os donos da casa não vão ligar se eu comer um pouquinho. - Pensou a garota.
     Assim, Cachinhos começou a comer o mingau de Papai Urso.
     - Caramba, está quente demais! - Disse Cachinhos, sentindo a língua queimar.
     Em seguida, Cachinhos de Ouro experimentou o mingau que estava na tigela de Mamãe Ursa:
     - Argh! Este aqui está frio demais!
    Sem desistir, Cachinhos passou para a outra tigela, a de Júnior, e teve uma boa surpresa:
    - Uhm, isto aqui está muito gostoso!
   Quando acabou de comer, Cachinhos resolveu procurar um lugar para dormir e acabou encontrando o quarto dos ursos.
   - Ah, que soninho... Preciso me esticar!
   Primeiro, ela pulou sobre a cama de Papai Urso:
  - Ui, esta cama é dura demais!
  Depois, foi a vez da cama de Mamãe Ursa:
  - Nossa, esta cama é tão macia que nem consigo ficar em cima dela sem afundar!
  Ao chegar na cama de Júnior, Cachinhos encontrou o que queria:
  - Ah, esta cama sim, é muito boa!



12 de dezembro de 2012

A princesa e o sapo

            Era uma vez uma bela princesa, que vivia num reino muito distante. Um dia, a princesa deixou sua bola cair no lago. Ao ver a bola se afastando, começou a chorar.
            - Não chore, princesa. Vou pegar a bola para você!
            - Faria isso por mim?
            - Claro! Mas em troca quero um beijo! - pediu o sapo.
           A princesa concordou em dar o beijo, mas assim que o sapo entregou a bola, ela correu para o castelo.
           - Princesa! Você prometeu! - gritou o sapo.
          Revoltado com a falta de palavra da princesa, o sapo saiu pulando atrás dela. Entrou no castelo e não saiu do pé da menina um minuto sequer. O sapo não deixava a princesa em paz. Até na hora das refeições, lá estava ele todo pomposo ao lado dela, na mesa. A princesa cansou daquilo e foi perdendo o apetite. O rei, vendo a filha cada dia mais magra, ordenou que levassem aquele sapo asqueroso de volta ao lago.
         - Espere aí, majestade! Sua filha prometeu me dar um beijo e até agora não cumpriu a palavra! - esperneou o sapo.
            - E por que fez tão estranha promessa, minha filha?
            - Foi o que o sapo exigiu por ter recuperado minha bola que caiu no lago, papai!
         O rei falou que uma promessa real deveria ser cumprida sempre. Arrependida, a princesa beijou o sapo. Diante dos olhos de todos, o sapo se transformou num príncipe... O príncipe contou que tinha sido transformado em sapo por uma bruxa e somente o beijo de uma donzela acabaria com o feitiço. A princesa se apaixonou pelo príncipe e aceitou o seu pedido de casamento. E essa festa de casamento durou quase uma semana. Querem saber mais? Os dois foram felizes para sempre!


11 de dezembro de 2012

Os saltimbancos

            Era uma vez um cão que caçava coelhos muito bem. Seu dono exigia sempre mais. Quando o cão envelheceu, seu dono o abandonou na floresta. No caminho, o cão encontrou um burro que havia fugido de casa porque apanhava muito de seu dono. Começaram a falar de música. O cão tocava tambor e o burro, flauta. Resolveram ir pra cidade de Bremen, onde havia uma orquestra musical. Adiante, encontraram um gato chorando. Sua dona o abandonou. Ele não servia mais para caçar ratos. O cão e o burro o convidaram a ir com eles para Bremen. Muito feliz, o gato juntou-se ao grupo. Ele sabia tocar trombeta. De repente, encontraram um galo. Ele contou que queriam cozinhá-lo para o jantar. Como tinha uma voz boa, todos concordaram que ele poderia ser o vocalista do grupo.
            Ao cair da noite, aproximaram-se de uma casinha que tinham visto ao longe, no meio da floresta. Chegando mais perto, ouviram umas vozes vindas de dentro da casa. Puxa! Quatro ladrões estão nessa casa. Então, os animais armaram um plano para expulsar os ladrões da casa. O cão subiu no burro, o gato ficou nas costas do cachorro e o galo em cima do gato. Eles pareciam uma figura monstruosa que dava medo. Foram em direção a casa, gritando todos ao mesmo tempo. Os ladrões saíram correndo. Assim os bichos tomaram posse da casa e na manhã seguinte fizeram um bom café e resolveram passar o dia ali. E o outro também. Então decidiram tornar a orquestra ali mesmo, perto de Bremen. Viveram muito felizes assim.


10 de dezembro de 2012

O lobo e os sete cabritinhos.

         Mamãe cabra ia fazer compras era a primeira vez que os cabritinhos ficavam sozinhos. Antes de sair ela avisou:
         - Cuidado com o lobo! Não abram a porta para ninguém. Quando eu voltar mostrarei minha pata branca pelo buraco da porta...
         - Como vamos saber que é o lobo? - Perguntou o caçulinha.
         - É fácil! O lobo tem a voz rouca e as patas marrons - Respondeu a mãe, afastando-se.
        Enquanto os cabritinhos brincavam, alguém bateu na porta.
       - Quem é? - Perguntaram.
       - É a mamãe! Abram, por favor! - Respondeu uma voz medonha.
       - Você não nos engana... É o lobo mau! - Gritaram eles.
      Os cabritinhos continuaram sua brincadeira e o lobo afasto-se dali, furioso:
      - Nunca consegui enganar estes cabritinhos. Espere... Tenho uma ideia! 
     O lobo foi até o galinheiro do vizinho roubar ovos. Comeu algumas claras para suavizar a voz e voltou à casa dos cabritinhos. O malvado lobo bateu á porta e disse, com uma voz muito doce:
     - Abram, por favor! É a mamãe...
    Os cabritinhos, que conheciam bem as manhas do lobo, pediram que ele mostrasse a pata pelo buraco da porta. Que susto levaram os cabritinhos ao ver a grande pata do lobo mau!
   - O lobo ficou maluco! - Pensaram os esquilos, vendo o feroz animal cobrir as patas de farinha.
   O lobo bateu à porta novamente.
   - Quem é? - Perguntaram os cabritinhos.
   - É a mamãe, crianças. Se quiserem posso mostrar minha pata por debaixo da porta...

  

21 de julho de 2012

Menina Bonita do Laço de Fita


Era uma vez uma menina linda, linda.                        
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
                                              {Ana Maria Machado}